O fim do amor, é ainda mais triste que o fim do relacionamento.

O casamento virou uma tempestade, onde as palavras viraram facas e as promessas, só pedaços. Antes, amor enchia a sala, agora, só gritos e lágrimas. Objetos quebrados. A aliança virou um peso, fotos foram jogadas, e cada palavra doí mais. A disputa de quem agride mais com palavras. 

A despedida será um alívio, mas o fim do amor doí mais do que o fim do relacionamento. No último abraço, não era reconciliação, era adeus. E eu não me lembro quando foi. O fim do amor virou uma ferida, sangrando o que um dia foi união, não guerra.

O corredor da casa, antes palco de encontros calorosos, transformou-se em um espaço gelado, onde o simples ato de cruzar com o outro se tornou uma experiência dolorosa. A presença, agora carregada de desconforto, era evidenciada até mesmo na respiração, antes compartilhada em momentos de proximidade.

Cada encontro no corredor é uma dança de evitação, onde as palavras se perde no vácuo do silêncio e a respiração é um sussurro frio. A casa, outrora um refúgio de calor humano, transformou-se em uma arena de desconexão, onde a repulsa é  mais tangível do que a presença do amor que um dia ali floresceu.

A noção de que talvez não reste muito tempo para compartilhar o mesmo teto é como um relógio que marca os minutos finais de uma era. O que um dia foi um refúgio tornou-se uma encruzilhada, e a convivência diária é agora uma jornada delicada entre lembranças e a iminência do desconhecido.

A cada interação, a sombra da despedida dança silenciosamente no fundo da mente. Não é apenas uma questão de viver sob o mesmo teto, mas sim de preservar os fragmentos de uma relação que parece desmoronar como areia escapando entre os dedos.

A incerteza do tempo restante na mesma casa é uma constante lembrança da fragilidade das relações. Resta a esperança de que, mesmo diante do vazio iminente, haja espaço para entendimento e, quem sabe, uma despedida que permita a ambos seguir adiante, levando consigo as lições do que foi e a coragem para enfrentar o que virá.

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