Sapateando...

Sinto uma saudade imensa de muitas coisas, mas o que mais me faz falta são meus sapatos. Ah, como eu sinto falta de vocês, meus amores queridos. Recordo com carinho da sensação reconfortante que me envolvia ao abrir a porta do meu quarto e vê-los lá, pacientemente esperando minha escolha. Meu quarto... Aquele santuário particular que, ao abrir a porta, parecia um cofre cheio de preciosidades, um tesouro de alegria. Havia momentos em que eu preferia ficar lá, relaxada na minha cama, desfrutando da familiar fragrância de talco que impregnava o ar. Era aquele aroma inconfundível do bom ar, o tal do ursinho azul, que parecia estar impregnado até mesmo nas paredes. Sinto falta de tudo estar meticulosamente organizado, mesmo que para muitos parecesse uma bagunça. Para mim, tudo estava no seu devido lugar.

Admito, sou um tanto neurótica com algumas coisas. Divido minhas roupas no armário por cores, os cabides sempre na mesma posição e minhas calcinhas perfeitamente dobradas. E os sapatos, meus queridos, devem estar à vista, para que assim que eu abrisse a porta, pudesse me deparar com eles e ver o fruto do meu trabalho árduo.

Queridos papai e mamãe, às vezes acho que não expresso minha gratidão o suficiente por serem exatamente quem são e por me ensinarem a abraçar minha própria individualidade, mesmo que eu possa parecer a mais excêntrica aos olhos dos outros. Agradeço por me moldarem com tanto carinho, por me acolherem sempre que sinto que não me encaixo nos padrões e por nunca me negarem afeto, mesmo quando me sinto um pouco estranha por ter manias singulares, como colocar açúcar no ralo para desviar as formigas longe da mesa. Apesar de tudo, tenho certeza de que vocês confiam plenamente na minha essência.

Embora eu não verbalize isso diariamente, quero expressar o imenso agradecimento por estarem sempre presentes, como minha base sólida, meu alicerce inabalável, meu refúgio seguro.





















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