Aquilo que só vem com o tempo

Deus traz uma abundância de detalhes que é só dEle. Se você, assim como eu, for sensível aos detalhes, mesmo em meio as transformações conseguirá ver a forma como ele está agindo com você. 

Em meados do mês quatro do ano corrente, a endo me atacou como nunca antes (quem me lê, já conhece a endo. Quem está chegando agora, é uma doença autoimune no tecido do endométrio, infelizmente sofro dela), fiquei 3 dias longe do meu desbravador, o que ajudou a piorar tudo. Mas para mim que acredito em Deus e em tudo que Ele pode e quer fazer, quando acha um coração disposto, acredito que essa crise foi necessária, para trazer para fora aquilo que eu desejava a muito tempo, e postergava: Voltar para Maranatha. 

Desde que soube que os pastores atuais assumiriam a frente da igreja, meu coração saltou de vontade de estar naquele lugar novamente. Mas não o fiz. E lá no hospital, me encontrei desejando mais que tudo -a volta pra casa. Pensei em mil formas de fazê-lo. 

Deixei o tempo correr, aguardei a oportunidade exata, aquela que eu tivesse certeza, que me desse aquele sentimento de: não posso mais esperar, agora ou nunca! Passaram-se alguns meses e eu fui submetida a uma cirurgia, eu já participava das células online, mas não havia feito o caminho de volta ainda. Até que meu esposo (sim, eu casei. Me cobrem que conto depois) tomou a decisão de passar pelas águas, e eu fui vê-lo morrer e nascer novamente pra Glória e Honra de Deus.

Cheguei super feliz, decidida a conversar com os pastores após o culto, mas não 'precisou'. Ao entrar naquele lugar, meu espírito regozijou-se de tal forma que demorei a controlar o choro. Não fazia ideia como a minha alma sentia falta do ambiente, atmosfera, presença e comunhão. 

Após o batismo nas águas, que foi lindíssimo, o pastor fez o apelo das águas mesmo... e nem bem terminou a frase de reconciliação, eu já estava lá. Foi marcante pra mim. 

Os dias se passaram e mesmo assim, eu ainda tinha um eco mental que não me deixava ter paz, algo que mesmo depois de profeticamente ir lá naquele altar, ainda fazia sentir-me que eu não era uma com eles, que não fazia parte do corpo.

Fiz o máximo que pude para conversar com a pastora antes da cirurgia, antes da transição dela, mas nunca dava, e era compreensível. Até que, quando eu já suportava mais ouvir aquela voz que me oprimia, pedi que ela me levasse com ela no seu destino e dentro do carro mesmo eu falaria, e assim fizemos. 

Palavras tem poder, acreditem!

Ao sair da Maranatha, indignada com a forma como as coisas foram feitas, eu disse a seguinte coisa: sempre que afasto-me de algo, eu deixo a porta entreaberta para quando eu quiser voltar, mas hoje, eu estou fechando. E fui embora. Daqui dessa frase até a volta foi um interregno de 3 anos e alguma coisa.  

Somente após conversamos, eu consegui me libertar desse eco atormentador. Eu precisei bater e abrir a porta novamente. Ela não lembrava disso, mas eu lembrava bem, aliás, Deus lembrava bem.

Quanto a indignação ao que foi feito, ainda é bastante confuso para mim, mas não me importa mais, parei de condicionar o meu crescimento aos acontecimentos a minha volta. Na vida com Deus não dá muito para fazer previsões, porque não temos como levar em consideração aquilo que só vem com tempo: entender que as pessoas que fazem algo de errado prestaram contas com Deus no final, a justiça e a vingança a Ele pertencem.

Com Deus é mais ou menos assim, ó, você vai  andando e de repente pá: uma bifurcação interessante que se esconde três esquinas a frente. que você não imagina estar ali, e somente Ele pode te dizer qual direção tomar.

Então, sigamos.


 

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